E até que tava indo bem, na medida do possível... mas tem pessoas que simplesmente não sabem o que querem da vida.
Isso é a vida, meus caros.
Cabeça erguida.
Eu disse, e nem assim se pôde evitar...
Hiperatividade provocada.
Idealistas, hoje em dia, são (somos) uma raça em extinção. Não somente pelo fato de que todo mundo só pensa no seu lado da história, mas também porque ideais não existem. É, era o que eu achava, principalmente quando pensava em como poderia ser a mulher perfeita.
Ah, mas isso era justificável, afinal o meu estereótipo daquele ser perfeito seria uma mulher que deveria – necessariamente – ser agradável, que tivesse palavras doces, certas, corretas e bem colocadas; deveria ser, ainda, amigável, sabendo dividir risadas sempre, mesmo nas situações demasiadamente inesperadas, ou tristes; tinha, obrigatoriamente, que ser alguém que te fizesse sentir bonito, elegante, charmoso ou ainda – e mais importante – especial de algum modo.
Ela deveria ser bonita também, porque a beleza pode não ser primordial, mas com certeza ajuda bastante! Precisaria ser independente, mulheres modernas tem um chamativo irresistível aos olhos de qualquer homem que sabe o que quer.
A mulher ideal tinha que ser um desafio, acima de tudo. Os desafios te prendem, te fazem perder a cabeça, não perder o foco!
E então, qual é o ponto chave disso tudo?
...
Percebi, minha cara, que estereótipos existem para ser derrubados. Fazer descobertas como essa são o grande prazer da vida. E este eu derrubei quando percebi que o desafio não está em achar a mulher que se encaixa nos seus planos. A mulher ideal é aquela que destrói eles todos, te tira o chão e te leva pro céu. A mulher ideal te tira do plano cartesiano, ela te faz voar.
A mulher ideal é aquela que você deixa ser. A mulher ideal pode, até, ser você!
Não é à toa que elas têm o seu próprio dia.
Então foi que percebi. Havia mudado alguma coisa, sim. Mas não só no rosto. Aquele frio era o meu gelo. Aquele das paredes que me guardavam da vida. E confesso já não querer mais viver sem elas. Não por falta de coragem, esta eu já tive muita, mas por falta de esperança – a qual também já me acompanhou por muito tempo, mas a deixei de lado. Sim, abandonei-a. A caminhada do lado da esperança é mais dura, ela te faz acreditar que a vida pode ser mais doce, quando o que te toca a língua e o gosto podre da realidade.
Acho até mesmo que essas duas andam mancomunadas, a vida e a esperança. Sim. Pensem bem como os caminhos que a vida te força a seguir te fazem dar a luz às esperanças mais absurdas possíveis. Como por exemplo, quando te coloca no caminho de um alguém especial. Alguém que te completa. Alguém que te gosta. Alguém que o mundo – e a própria bandida da vida – sabe que é teu por direito, mas te priva do poder de tê-la junto a ti. O motivo nem importa, ele pode vir manifesto das mais diversas formas. O que faz a diferença é quando a esperança aparece e te faz pensar que aquela pessoa pode ainda ser tua. Mesmo sendo irracional o fundamento pra isso. Mesmo que este nem exista. A esperança te faz vê-lo. É como se ela te fizesse ficar cego, mas ao contrário.
É. É isso, mesmo. Minhas paredes formaram um castelo inteiro. Fiz a minha descoberta: meu castelo de gelo foi a vida quem construiu, com tijolos de esperança e cimento de decepção.