sexta-feira, 6 de março de 2009

Brincadeiras

Eram amigos, ela e ele, já havia algum tempo. E aquele ar de romance já, há muito, não se notava mais – pelo menos era o que pensavam. Costumavam conversar, esporadicamente, como sempre faziam: ele cheio de galanteios, e ela armada de rodeios – daqueles sórdidos, puro charme!
Resolveram, então, brincar de se gostar.
E brincaram de gostar. Brincaram de beijar. Brincaram de sentir ciúme. Brincaram de fazer carinhos. Brincaram de ser cúmplices. Brincaram de ser amigos. Brincaram de não imaginar-se sem o outro. Brincaram de brigar, várias vezes. Brincaram de fazer as pazes. Brincaram de amar. Amaram brincar.
E, brincando, o tempo foi-se passando... e os dois naquele jogo. Até que chegou a hora de brincadeira terminar.
Acabou a hora do recreio? Como aquelas duas crianças conseguiriam viver sem a sua brincadeira? Não era nada sério, mas era a primeira coisa que lhes vinha à cabeça quando acordavam, todos os dias, já há tanto tempo.
Enfim, era aquele ar de romance, que antes de começarem a brincadeira, já havia desaparecido, voltou a dar o ar de sua graça... ele não podia parar de imaginar aquela imagem de cabelos pretos envolto em mechas californianas, acompanhado daqueles olhos puxados, seguidos de bochechas fartas e um sorriso pequeno, milimetricamente desenhado. E ela não conseguia esquecer a mão que passeava de seu rosto até sua nuca, enquanto brincavam de beijar, e daqueles puxões leves em seus cabelos que ele costumava dar.
"Então, é hora da brincadeira terminar!" Pensou ele, quando resolveram, os dois, conversar. E a resposta mais sincera lhe iluminou o resto dos dias:
"É! Cansei de brincar de sentir saudade!"

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